Lei Anticrime e o banco de dados genéticos: a expansão da vigilância e a falta grave na execução penal

Autores

  • Hélio Peixoto Júnior USP
  • Lívia Yuen Ngan Moscatelli UFMG

DOI:

https://doi.org/10.46274/1909-192XRICP2021v6n1p252-280

Palavras-chave:

Pacote Anticrime, Banco Nacional de Perfis Genéticos, direitos fundamentais, prisão

Resumo

O presente artigo busca analisar os impactos da Lei Anticrime na consolidação do Banco Nacional de Perfis Genéticos no Brasil. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, serão tensionadas algumas questões relacionadas ao uso da prova de DNA no direito pátrio e estrangeiro, à inserção da nova hipótese de falta grave em face do apenado que se nega a realizar o procedimento de identificação genética e ao aumento da vigilância estatal em face dos indivíduos.

Referências

ARTHANARI, Abirami; DOGGALLI Nagabhushana; PATIL, Karthikeya; SHANKAR, Jai; VIDHYA, A. Bite mark: Is it still valid?. International Journal of Forensic Odontologic, v. 4, p. 14-20, 2019.

BRASIL. Conselho Nacional Do Ministério Público (CNMP). Estratégia Nacional de Segurança Pública, Meta 2: A impunidade como alvo-Diagnóstico da investigação de homicídios do Brasil. Brasília: CNMP, 2012. Disponível em: <https://bit.ly/3iX28pc>. Acesso em: 3 mai. 2021.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Banco de perfis genéticos. Base de dados com período referência até junho/2020. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2021. Disponível em: <https://bit.ly/3ahkSMT>. Acesso em: 28 abr. 2021.

CANLE, Inés Iglesias. Intervenciones corporales y prueba de ADN: livre valoración probatória y argumentacion jurídica. In: GARCIA AMADO, Juan Antonio; BONORINO, Pablo Raúl (Coord.). Prueba y razonamiento probatório em el derecho: debates sobre abducción. Granada: Comares, 2014.

CARRACEDO ÁLVAREZ, Angel. La valoración de la prueba criminalistica. Madri: CCPJ. 1996.

FENECH, Miguel. Derecho procesal penal. vol. I. Barcelona: Editorial Labor, 1952.

FONSECA, Claudia. Paternidade brasileira na era do DNA: a certeza que pariu a dúvida. Cuadernos de Antropología Social, Buenos Aires, n. 22, 2005, p. 27-51.

GARRIDO, Rodrigo. TAVARES, Natalia Lucero Frias. O banco de perfis genéticos e a estigmatização perpétua: uma análise do art. 9-A da lei 7.210/84 à luz da criminologia crítica. Revista Juridica, [S.l.], v. 4, n. 45, p. 207-226, fev. 2017.

GARLAND, David. Penal Power in America: Forms, Functions and Foudations. Revista Brasileira de Ciências Criminais, v. 129, p. 217-256, 2017.

GOMES FILHO, Antônio Magalhães. Direito à prova no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.

GOMES FILHO, Antônio Magalhães. Notas sobre a terminologia da prova (reflexos no processo penal brasileiro). In:

YARSHELL, Flávio Luiz; MORAES, Maurício Zanoide (Coord.). Estudos em homenagem à professora Ada Pellegrini Grinover. São Paulo: DPJ, 2005.

GOMEZ COLOMER, Juan-Luis. La prueba de ADN. In: GOMEZ CO-LOMER, Juan-Luis (Coord.). La prueba de ADN en el Proceso Penal. Valencia: Tirant lo blanch, 2014.

GOV UK. National DNA Database Strategy Board Annual Report 2017-2018. United Kingdom: National Police Chief’s Council, 2019. Disponível em: <https://bit.ly/34q3epA>. Acesso em: 03 mai. 2021.

HAMMERSCHIMDT, Denise. Perfil genético como forma de identificação criminal e banco de dados de DNAs de criminosos: Art. 9o-A da LEP. In: PRADO, Luiz Regis; HAMMERSCHIMIDT, Denise; MARANHÃO, Dou-

glas; COIMBRA, Mario (Coord). Direito de Execução Penal. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.

HERDY, Rachel; KUNNI, Paulo Akira; BRUNI, Aline Thaís. O que podemos aprender com os erros periciais? CONJUR, 20 nov. 2020. Disponível em: <https://bit.ly/3sGvw7O>. Acesso em: 03. mai. 2021.

HERDY, Rachel; DIAS, Juliana Melo. Devemos admitir provas periciais de baixa fiabilidade epistêmica?. CONJUR, 5 mar. 2021. Disponível em: . Acesso em: 3 mai. 2021.

INNOCENCE PROJECT. DNA Exonerations in the United States. Disponível em: <https://bit.ly/3ja6dWX>. Acesso em: 3 mai. 2021.

ISHIDA, Valter Kenji. Prática jurídica da execução penal. Rio de Janeiro: GZ, 2016.

KADER, M.; LING, S. T. W.; LI, S. K. L. The use of DNA forensic evidence in criminal justice. Singapore Law Review, v. 35, p. 35-52, 2011.

LEMOS, Clécio; PEIXOTO JÚNIOR, Hélio. A prisão pública e a privada. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 21, n. 248, p. 15-16, jul. 2013.

LOPES JÚNIOR, Aury. Lei 12.654/2012: É o fim do direito de não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere)? Boletim IBCCrim, São Paulo, n. 236, p. 5-6, jul. 2012.

LOPEZ VALERA, Manuel. La cadena de custodia de las pruebas de ADN. Madrid: Librería Dykinson, 2019.

MANZANO, Luis Fernando de Moraes. Ônus de fornecer a fonte real pericial versus o direito de não produzir prova contra si mesmo. In: SALGADO, Daniel Resende, KIRCHER, Luís Felipe Schneider; QUEIROZ, Ronaldo Pinheiro

(Coords). Altos estudos sobre a prova no processo penal. Salvador: JusPodivm, 2020. MIR PUIG, Santiago. Estado, pena y delito. Buenos Aires: B de F, 2013.

MORO DEFENDE banco de DNA ampliado. Correio Brasiliense, Brasília, 21 abr. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/2EmHPmw>. Acesso em: 3 mai. 2021.

MOSCATELLI, Lívia Yuen Ngan; ARIANO, Raul Abramo. O acordo de barganha e o inexorável avanço da justiça consensual. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 27, n. 321, p. 16-18, ago. 2019.

MOURA, Maria Thereza de Assis. A prova por indício no processo penal. São Paulo: Saraiva, 1994.

NICOLITT, André Luiz; BENEVITES, Lucas da Cruz. Identificação criminal e as alterações introduzidas pela Lei 13.964: A coleta de material genético à luz do sistema de direitos e garantias fundamentais. In: FELIX, Yuri; CAMARGO, Rodrigo Oliveira de (Coord). Pacote Anticrime: Reformas Processuais. Florianópolis: Editora EMais. 2020.

QUEIJO, Maria Elizabeth. O princípio nemo tenetur se detegere e a coleta de material genético: identificação criminal ou colaboração na produção da prova? Boletim IBCCRIM, São Paulo, ano 21, n. 250, p. 7, set. 2013.

QUEIJO, Maria Elizabeth. O direito de não produzir prova contra si mesmo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

SALVADOR NETTO, Alamiro Velludo. Curso de Execução Penal, 1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019.

SCHULTZ, Susanne. “Stop the DNA Collection Frenzy!”: Expansion of Germany’s DNA Database. Forensic Genetics Policy Initiative, [s.i]. Disponível em: <https://bit.ly/32KImI1>. Acesso em: 3 mai. 2021.

SILVA, Mariana Lins de Carli. Capital genético da miséria: a proposta de expansão do Banco Nacional de Perfil Genético. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 27, n. 326, p. 13-16, jan. 2020.

SOLETO MUNOZ, Helena; FIODOROVA, Anna. DNA and Law Enforcement in the European Union: Tools and Human Rights Protection. Utrecht Law Review, Utrech, v. 1, issue 1, p. 149-162, jan. 2014.

SOUZA, Rosane Feitosa de; SOUZA, Hudson Fernandes de. Da (in)constitucionalidade do Banco de Dados com Perfil Genético de condenados no processo. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 165, n. 165, p. 159-185, mar. 2020.

SUXBERG, Antonio H. G.; FURTADO, Valtan T. M. M. Investigação criminal genética – banco de perfis genéticos, fornecimento compulsório de amostra biológica e prazo de armazenamento de dados. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 4, n. 2, p. 809-842, mai/ago. 2018.

TAVARES, Natália Lucero Frias; SANTORO, Antonio Eduardo Ramires. Os impactos do pacote anticrime no Banco Nacional de Perfis Genéticos. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 28, n. 330, p. 26-29, mai. 2020.

VASCONCELLOS, Vinicius de. Novas tecnologias e antigos clamores punitivos na justiça criminal: considerações em busca de critérios para a utilização de exames genéticos no processo penal. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, v. 22, n. 110, p. 329-366, set/out. 2014.

VÁZQUEZ, Carmen. El diseño normativo de las pruebas periciales, a propósito del razonamiento inferencial de los expertos y la comprensión judicial. Revista Discusiones 24, Buenos Aires, v. 1, p. 29-60, set. 2020.

VERVAELE, John, DE GRAAF, F.C.W. e TIELEMANS, N. El enfoque neerlandês em el tratamento del ADN em el sistema de justicia penal. In: GOMEZ COLOMER, Juan-Luis (Coord.). La prueba de ADN en el Proceso Penal. Valencia: Tirant lo blanch, 2014.

Downloads

Publicado

17-07-2021

Como Citar

PEIXOTO JÚNIOR, H. .; MOSCATELLI, L. Y. N. . Lei Anticrime e o banco de dados genéticos: a expansão da vigilância e a falta grave na execução penal. Revista do Instituto de Ciências Penais, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 252–280, 2021. DOI: 10.46274/1909-192XRICP2021v6n1p252-280. Disponível em: https://ricp.org.br/index.php/revista/article/view/44. Acesso em: 3 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos